Todos
nós tivemos amigos de infância, reais ou imaginários, certo? E anos depois,
mesmo quando aquela pessoa está longe ou com novos amigos, costumamos ainda
nutrir um carinho especial por ela – porque a gente ainda acredita que mesmo
longe, existe um pedaço daquela pessoa que só a gente conhece. Pelo menos
comigo é assim. E com o Quentin também.
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Quentin
Jacobsen acreditava que todo mundo tem seu milagre, e que o maior milagre da
vida dele era ser vizinho da Margo Roth Spiegelman. Mesmo que agora eles fossem
meros conhecidos na escola - correção: agora Margo era uma popular -, houve um
intervalo de tempo na infância deles em que eles compartilharam momentos só
deles.
Quando
Margo invade a vida de Q novamente, através da janela de seu quarto em uma
noite de maio, com a cara pintada e vestida como uma ninja e convocando-o para
participar de um engenhoso plano de vingança, ele não sabia que sua pacata vida
iria mudar radicalmente. Após uma madrugada de aventuras (que incluem invadir
ou arrombar curiosos lugares), Q descobre que a enigmática Margo fugiu da
cidade mais uma vez.
Curioso
com o padeiro da garota e enciumado por ela não o ter incluído nem avisado
desta vez, Q resolve descobrir o misterioso paradeiro de Margo, baseando-se em
algumas pistas. Porém, quanto mais ele estuda o caso, mas ele se distancia da
imagem da garota que achava conhecer e aprende mais sobre si mesmo.
Cidades
de papel é um livro que trata sobre aparências, sobre as coisas que realmente
importam e sobre os fios que nos conectam. John Green, através da sua já
admirada narrativa, nos apresenta personagens sólidos e totalmente críveis, perfeitamente
cabíveis na sociedade em que vivemos.
Através de
sacadas interessantes e de muita poesia, percebemos o quanto podemos nos
enganar com nós mesmos, como podemos idealizar os outros e como fatos do
passado podem refletir e moldar uma vida inteira, deixando sequelas positivas
ou negativas. E mesmo que algumas coisas sejam mais bonitas de longe, bom mesmo
é ver de perto e fazer parte.
Um recado
final pro Jonh Green: John, manda pra cá a sua lista de compras, porque até ela
deve ser interessante.
" Eis o que não é bonito em tudo isso: daqui não se vê a poeira ou
a tinta rachando ou sei lá o quê, mas dá para ver o que este lugar é de
verdade. Dá para ver o quanto é falso. Não é nem consistente o suficiente para
ser feito de plástico.
É uma cidade de papel. Que dizer, olhe para ela, Q: Olhe
para todas aquelas ruas sem saídas, aquelas ruas que dão a volta em si mesmas,
todas aquelas casas construídas para virem a baixo. Todas aquelas pessoas de papel vivendo suas
vidas em casas de papel, queimando o futuro para se manterem aquecidas. (…)
Todos idiotizados com a obsessão por possuir coisas. Todas as coisas finas e
frágeis feito papel. E todas as pessoas também. Vivi aqui durante dezoito anos
e nunca encontrei ninguém que se importasse com qualquer coisa."