27 julho 2013

Fiquei com seu número



                Sabe aquela velha amiga sua do tempo do jardim de infância que você raramente vê, mas que quando encontra o sentimento é o mesmo? É assim que a Sophie Kinsella funciona pra mim. Por mais tempo que eu fique sem ler um livro dela, quando tenho um em mãos o sentimento nunca muda. Por vezes até esqueço do quanto gosto dela, comparando-a a outras escritoras do universo chick-lit, mas então me vejo lendo algo dela e pensando no quão única essa inglesa é.
                Afinal, não é qualquer uma que consegue pegar uma história banal do dia-a-dia, em que uma garota encontra um celular no lixo e fica com ele e panz, em um livro que 99% das pessoas que leram não conseguem largar. Essa garota é a Poppy Wyatt (Você não achou esse nome engraçado?! Porque eu achei!), uma carismática e bondosa fisioterapeuta que está noiva de um figurão sexy e inteligente, o Magnus Tavish.
Poppy é tão boa e preocupada em atender as pessoas à sua volta que, em um chá com as amigas, permite que todas elas experimentem seu anel de noivado que pertenceu à avó de Magnus. Afinal, ele é todo antigo e com esmeraldas perfeitas, e nenhuma delas ainda tinha visto um daqueles. Entretanto, nunca podemos esquecer de Murphy e de sua lei que faz com que coisas que pareciam certas desandem. Justo no momento que as meninas experimentam a jóia, o alarme de incêndio do local dispara. Correria. Desatenção. E um anel perdido na confusão.
Justo no dia em que os pais dele, os altamente cultos e arrogantes Wanda e Antony regressam de viagem. Como ela vai contar que perdeu o antigo anel de miliooones de dinheiros da família, GOD?! Como?! Não, ela não vai contar. Os funcionários do local irão achar o bendito e ligarão em pouco tempo para o celular dela avisando, sim?! Poderia até ser que sim, se o celular dela não tivesse sido roubado também na confusão. Como ela poderia ficar sem as duas coisas mais importantes de sua vida?
Então, como em uma recompensa do destino, a impulsiva Poppy encontra um celular jogado no lixo. Não é a melhor das situações, mas pelo menos pegando-o ela teria um número. E o que está no lixo não é de ninguém, é utilidade pública, e esse é um de seus lemos. O que Poppy não sabia é aquele celular pertence à uma empresa. Mais precisamente, a uma ex-assistente de um figurão do mundo corporativo, Sam Roxton.
É depois dessa confusão que o livro começa de fato. Ilustrando relações modernas, Kinsella nos presenteia com personagens extremamente cômicos e humanos, pessoas como nós que tem medo, inveja, e que, acima de tudo, buscam serem felizes. E as situações narradas são as mais hilárias possíveis.  
É interessante acompanhar o amadurecimento de Poppy, sobretudo através das confusões que ela se mete pelo celular de Sam. O fato é que ela pensa que o está ajudando ao se comprometer a reencaminhar todas as mensagens do aparelho para ele, mas mal sabe que na verdade é Sam quem mais a ajuda a se libertar de algumas amarras invisíveis.
                FCSN é um livro tão delícia de ler que nem a edição em páginas brancas te cansa e nem a capa infantil te desestimula. Pode acreditar. E as mais de 400 páginas não parecem, ao final, nem 200, se você é como eu que fica rezando pro livro não acabar. Porque este acabou rápido demais e eu já estou morrendo de saudades da Poppy, do Sam e do celular deles. 

Foto: Melina Souza
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Editado por Agnes Carvalho. Imagens de tema por andynwt. Tecnologia do Blogger.

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