23 março 2013

wonder


Imagina acordar todo dia e ao olhar no espelho perceber que o seu exterior não reflete o seu verdadeiro eu. Claro, isso acontece com você todo dia, afinal por dentro você é tão lindo e perfeito e por fora tem aquela espinha, aquele nariz um tanto pontudo.
Mas poderia ser pior. Você poderia nascido com uma combinação de suas síndromes, que resultariam em uma deformidade gravíssima no seu rosto; poderia ter passado por diversas cirurgias e mesmo assim continuar com seu lábio quase-leporino, com seus olhos caídos, suas bochechas murchas e orelhas estranhas. Tudo bem, eu sei que você nunca considerou esta hipótese.
Sei também que quando, por acaso, encontra pessoas assim na rua, encara-as duas vezes: uma vez sem querer, daí toma um pequeno susto e desvia o olhar rapidamente antes que percebam sua reação. Daí então, você espera que ninguém esteja olhando, e resolve estudar a pessoa de soslaio, rezando para ela não perceber. Sei disso porque você é igual a mim.
Nunca paramos para pensar a pessoa que pode existir atrás daquela face deformada. Será que ela gosta de ser observada? Por dentro ela é tão estranha quanto por fora? Ela já pensou em se matar? Ela tem amigos de verdade?!
É por isso que achei a leitura de Wonder, o Extraordinário, fascinante. Auggie é um garotinho apaixonante de dez anos que nunca foi a escola. Além de ter passado por diversas cirurgias, seus pais superprotetores nunca tinham cogitado entregar o filho aos olhares e comentários de outras crianças. Sim, das crianças, pois no mundo dos comentários inocentes e ferinos, os delas estão no topo.
Mas o Auggie é absolutamente normal. E maduro. Ele afirma isso no começo do livro com muita convicção, como se assim pudesse convencer o mundo todo a sua volta. E, pelo menos a mim, me convence. Através de uma narrativa muito agradável e rápida, apenas consegui enxergar uma linda criança que aprendeu muito cedo sobre como a vida pode ser injusta e desafiadora.
Porém Auggie enfrenta os desafios.  Ingressa em uma escola normal da quinta-série, e apesar de todas as dificuldades, de todos os olhares, de todas o bullying e de todo o preconceito velado, ele conquista o seu lugar no novo mundo .
A verdade é que todos nós temos defeitos. Alguns são mais visíveis, outros mais ocultos. Alguns são fáceis para as pessoas conviverem, outros nem tanto. E é disso que trata o livro. O livro é dividido em partes, e cada parte é narrada por alguém próximo a Auggie : Via, a irmã, Jack e Summer, os amigos,  e outros - além do próprio Auggie. Em cada parte descobrimos mais a respeito dessas pessoas e do que está oculto em cada uma delas.
Se eu pudesse, eu daria este livro a cada um de vocês. A história do Auggie e de tantos outros precisa ser compartilhada para que esta sociedade hipócrita aprenda de uma vez a  aceitar as pessoas como elas o são em sua essência, para que entendamos de uma vez que somos mais do que este corpo que nos serve de abrigo.

Já pensou em quantas pessoas EXTRAORDINÁRIAS deixamos de nos aproximar por motivos tolos?!


                                            
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19 março 2013

de repente... 30







existe um grupo de filósofos que acredita que o número 30 é uma extensão de um número infinito. 

assim sendo, seria maior que o próprio infinito.

sim, o 30 mesmo, aquele número depois do 29, antes do 31.
número composto, número atômico do zinco.
grande parte dos anúncios publicitários duram 30 segundos.
30 dias formam a maioria dos meses.
30 anos foram eleitos os primeiros governadores após a Ditadura.
30, a idade temida.

hoje eu prefiro apegar-me aos devaneios dos filósofos. somente hoje, 19 de março de 2013, concordo indubitavelmente  que o número 30 é uma extensão do infinito e, portanto, maior que o mesmo. afinal, Hazel Grace me confidenciou certa feita que alguns infinitos são maiores do que outros. hoje o infinito do 30 é maior, assim como em abril o do 31 será maior ainda. só não é maior do que o meu sentimento pela pessoa que expande meus infinitos todos os dias. 

meu bem, pra você o meu amor sem fim.

feliz 30x30 dias 



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tô sem carro.


     a faculdade está exigindo muito do meu tempo. tô com preguiça, aff! já marquei de sair com o pessoal do curso, vamos semana que vem pra praia? você sabe que eu não gosto de torta! é sério que você está me chamando para ir ver um filme francês?!
mas eu tô online no facebook. acabei de curtir 27 fotos no instagram. e já vou te responder no whatsapp. porque você não me liga mais?!
mil desculpas à todos vocês que já conseguiram trocar a vida real pelo contato pelas redes sociais, mas pra mim é vital o estar junto. só estando lado a lado que a gente consegue se entender pelo olhar, só estando lado a lado que os seus risos se tornam os meus risos.
           pra mim, o verdadeiro significado da palavra compartilhar vai muito além de um simples botão, mas as pessoas parecem estar esquecendo disso.
          parafraseando o que ouvi um dia desses, não me diga que está com saudades. diga que está vindo me ver.  quando a gente quer, a gente cria o tempo, inventa uma situação. pega um ônibus, marca um almoço de 15 minutos, desmarca certas coisas, mergulha em programas de índio, indica uma boa programação.
          não  há tempo que volte, mas há tempo que se recupere.  


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02 março 2013

A distância entre nós

Distância costuma ser definida como algo que separa dois pontos. Nada mais é que um intervalo, seja ele físico, emocional ou social. A grande esperteza dessa senhora é fazer a gente pensar que a controlamos: que estamos perto quando queremos, e longe quando bem entendemos. É fazer-nos pensar que ela realmente importa e que quanto mais distantes estivermos de algo, mais difícil será consegui-lo ou mantê-lo.
Será que a distância existe mesmo? Muitas vezes, ao observar as situações com olhos viciados, não vemos o que, em verdade, separa as pessoas.
Capa do Livro 
Thirity Umriga debate sobre tal conceito de distância com um plano de fundo bastante inspirador: a Índia. Neste cenário, repleto de cores, tradições, castas, religiões e desigualdades, somos apresentados as histórias de duas maravilhosas e solitárias mulheres.
Bhima é uma velha hindu analfabeta, porém bastante perspicaz, que mora em um casebre na favela com sua neta Maya. Sera é uma viúva parsi bem-educada e estudada. Toda manhã Bhima toma seu habitual ônibus, na atribulada Bombain, para a casa de Serabai, aonde trabalha como doméstica há muitos anos.
Duas mulheres separadas pela casta – patroa e empregada –, mas muito próximas em suas histórias pessoais de subjugação e opressão. Através da íntima relação entre a Senhora e sua criada, vemos potencializada a distância entre dois mundos: parsis X hindus, ricos X pobres, letrados X ignorantes, mulheres X homens. Cada um, ao seu modo, solitário e infeliz.
Ao longo da leitura, evidencia-se que é negado às indianas o direito de ser feliz. Elas não podem simplesmente fugir para Pasárgada, como Manuel Bandeira faria, pois lá não possuem amigos. Elas são oprimidas na sociedade e em seus próprios lares. Nenhuma delas, seja solteira, casada ou viúva, está isenta de tal sofrimento. Os homens não são amigos. Infiéis, manipuladores, ausentes: na narrativa de Umriga não temos outra opção de adjetivo para o sexo masculino indiano.
 “A Distância entre nós” é um romance narrado a partir da proximidade entre duas mulheres habitam em universos diferentes, mas se encontram através de suas faces humanas. A dor aparentemente não tem preconceito social. E conecta pessoas de formas inimagináveis, tal como conectou Bhima e Serabai, e mudou suas vidas e a forma como se relacionavam para sempre.
Se você leu O Caçador de Pipas ou A Cidade do Sol e gostou, A Distância Entre Nós deve entrar para sua lista.

Favelas Indianas

Beijos,
Agnes

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Editado por Agnes Carvalho. Imagens de tema por andynwt. Tecnologia do Blogger.

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