Na era da tecnologia, da
informação e das redes sociais, somos cada vez mais estimulados a correr contra
o tempo, a responder e-mails e mensagens no impulso, compendiar encontros. No
vício, diversas palavras da língua portuguesa já foram abreviadas e suas siglas
são de conhecimento comum: vc, td, mt, qr, etc. Você poderia me perguntar se eu
gosto dessa tendência. Defensora da boa escrita e dessa língua ímpar, afirmo
sem hesitar que não. Acredito que tudo é mais bonito quando completo, até mesmo
as palavras.
Mas
isso não quer dizer que eu não me utilize desses recursos. Como usuária assídua
da internet, sou vítima sem perdão desses e de outros vícios que não devem ser
mencionados. Escrevo como uma desvairada, que mistura palavras longas e
formosas, para que estas não fiquem empoeiradas nas gavetas de minhas memórias,
com palavras curtas e sintetizadas, na esperança de que aqueles cinco minutos
sejam suficientes para responder as novas 137 mensagens no whatsapp.
Foi
através desse aplicativo que observei o uso constante de uma nova abreviação: “sdds”.
Ai, gente. Tá aí. Se tem uma palavra que eu não consigo abreviar é “saudade”. Já
tentei, já até digitei, mas sempre corrijo antes de enviar, e acabo perdendo
mais tempo do que se tivesse digitado correto desde o início.
Saudade
é uma coisa tão brasileira, tão calorosa, tão única e imensurável, que é impossível
resumir em quatro letras ou em duas consoantes. Será que ali vai caber tudo que
aquele verbete almeja sintetizar? Se é pra sentir uma saudade simplificada,
melhor sentir “falta”. Saudade é m a i o r. É como a “paciência”, do Lenine.
O cotidiano já
nos obriga a apressar tanta coisa, a ser mais razão e menos emoção em tantas situações, mais práticos... Sufocamos e calamos tanta coisa dentro de nós. Será que nem permissão temo para escrever
saudade, como todas as suas letras, sons e significados?
Saudade
é palavra latina, intraduzível, inexplicável. É vocábulo que nos abraça, pra
ser sentido por completo. E EU ME RECUSO a simplificá-la. Recuso-me a
senti-la pela metade, ligeiramente, sem alma. Vai saber se teremos tempo para
dizê-la ou senti-la mais uma vez... vai saber.
Que texto lindo... concordo com você, saudades é tão nossa, tão expressiva que é quase um pecado simplesmente abreviá-la, e, so lendo seu texto me dei conta que eu também nunca á abreviei, sempre a escrevo com todas suas letras e seus significados
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