28 outubro 2012

Cem anos de solidão


           Estar cercado de pessoas e sentir-se só. A estirpe dos Buendía estava condenada à Cem anos de solidão, e não teriam uma segunda oportunidade sobre a Terra. 
            Cem anos de solidão nos revela a saga desta família tão ímpar e cíclica.
José Arcadio Buendía e Úrsula Iguarán, primos que se casaram e que temiam gerarem filhos com rabos de porco, abandonaram sua cidade natal e partiram junto com alguns conterrâneos em busca de uma nova terra.  Fincaram raízes em um local aleatório e o batizaram com o nome de Macondo. Acompanhando a história dos Buendía, vivenciamos também a criação, vida e morte do povoado.
O casal matriarca de Macondo teve três filhos: José Arcadio, Aureliano e Amaranta. Logo depois chegou Rebeca, sozinha, junto com um saco de ossos de seus pais, comedora de terra, marcada pelo mal da  insônia e também pela solidão. Durante a saga dessa família, que se reproduz até a sétima geração, temos elementos inacreditáveis, descobrimos que Macondo é um povoado em que tudo pode acontecer: temporais que duram mais de dez anos, formigas-ruivas que destroem construções, escorpiões durante os banhos, borboletas amarelas que acompanham os apaixonados, a insônia some com a memória de todos....  
É também a terra das Rebecas, Amarantas, Úrsulas, Remédios e das dezenas de José Arcadios e Aurelianos... Nomes que insistem em serem repetidos.... São pessoas isoladas, ressentidas, extravagantes.... solitárias. Essas pessoas, além de terem em comum os mesmos nomes e sobrenomes, possuem, como que geneticamente, uma solidão que nunca é sanada – e quase sempre nunca externalizada. E essa solidão é personificada nos peixinhos dourados do Coronel Aureliano Buendía, nos doces caramelizados de Úrsula Iguarán, nos pergaminhos e livros que tanto instigaram os Aurelianos... que vão e voltam. É um ciclo único, uma família única, em que os antigos sempre retornam nas maneiras dos novos. 
A história desenrola-se ao longo desses cem anos, dessa louca geração de filhos, netos, bisnetos e bastardos. A matriarca, Úrsula Iguarán – que eu já tinha citado aqui como umas das mulheres mais influentes da literatura – foi uma guerreira que viveu entre 115 e 122 anos (!!!) é a única que se dá conta que as características físicas e psicológicas dos seus herdeiros estão associadas aos nomes: enquanto os José Arcadios são extrovertidos e impulsivos, os Aurelianos são introspectivos e estudiosos. 
Mal sabia Macondo que o seu destino já estava escrito desde a época que um certo cigano Melquíades por lá andara, e que seus dias estavam contados.
Gabriel Garcia Marquez quando escreveu esta obra-prima, no longínquo ano de 1967, utilizou o realismo mágico de forma detalhista e encantadora. Cem anos de solidão me conquistou mais do que O Amor no Tempo do Cólera – talvez eu tenha me identificado com o primeiro José Arcadio, que passou o resto dos seus dias preso à um castanheiro por conta de sua louca lucidez... ou com Rebeca, que comia areia e o cal das paredes para preencher um pedaço vazio dentro de si. 
Pesquisando por aí, descobri que o romance tem uns traços auto-biograficos do Gabriel, já que  o avô de Gabriel, o Coronel Márquez, também o levou para conhecer o gelo (assim como o primeiro José Arcadio o fez com Aureliano)  e Iguarán é o sobrenome de uma de suas avós. 
Será que estamos todos fadados a amar intensamente e morrer na solidão, como os Buendías?! 


Ps: Os nomes dos personagens se repetem tanto, devido à uma tradição familiar, e as mortes são tantas, que depois que concluir a leitura do livro acho que lerei as Crônicas de Gelo e Fogo mais facilmente! Pros curiosos que nunca leram, vejam esta árvore genealógica e observem a quantidade de nomes iguais.

Beijos,
A.
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21 outubro 2012

Clássica


                 Hoje foi dia de apresentação da Orquestra Sinfônica da Bahia no Teatro Castro Alves. Toda vez que eles anunciam uma apresentação por aqui eu já me preparo, pois sei que minha mãe vai carregar a família toda (aliás, ela deixa meus gatos de fora. apenas.) para assistir – ainda mais quando os preços são populares.
                Apesar de não escutar muita música clássica, aprendi a gostar por osmose. Pai e mãe, ouro de mina, já dizia Djavan. E desde cedo percebi que a música para mim é um modo de escape, assim como os livros. Quem criou o gênero chamado “música” classe, criou, no meu caso, a trilha sonora para meus pensamentos.
                Quando estou com um livro em mãos, me perco de mim e perambulo pelo universo de um outro eu, escrito por uma outra pessoa. Porém, quando ouço melodias clássicas, me perco em mim mesma, caminho por universos secretos escondidos em minhas memórias e anseios... e chuto para escanteio a ideia inicial de que iria ouvir a composição e tentar meditar em seu profundo significado – doce ilusão.
                Duas horas após o concerto, em que ouvi a nona sinfonia de Beethoven por inteiro, estou convencida de que esta é a verdadeira intenção da música clássica: ter os versos criados pelos seus ouvintes. Não há quem me convença do contrário. É como comprar um livro em branco: ter a base, e ser convidado a preenchê-lo...
                E agora, terminando esta pequena nota sobre Beethoven, música e livros, impossível não concluir que a música clássica se assemelha à própria vida – afinal, o que é esta se não uma série de acontecimentos que vamos compondo, cantando, registrando? Alguém já nos deu o compasso, cabe a nós reger e manter o ritmo!

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12 outubro 2012

Budapeste


“Budapeste, no exato momento em que termina, transforma-se em poesia.”  (WISNIK, 2004) 

Budapeste
                Que Chico Buarque nasceu destinado para compor e cantar, isso eu já sei faz tempo. Chico é daqueles que o talento não cabe dentro de si, e por não caber, transborda. E por transbordar, nos atinge, por vezes só molhando as pontas dos pés. Outras, o corpo inteiro.  
                Budapeste. Sempre achei engraçada essa palavra; a junção de duas palavras aparentemente alheias uma a outra: Buda e Peste. Pesquisando, descobri que na verdade Buda e Peste eram duas cidades húngaras que se fundiram. E eis que percebi mais uma vez como Chico, mestre das palavras, expressa tudo sobre sua obra já no título e nós, meros leitores, nada percebemos, tudo deixamos passar.
                Depois de concluir a renomada autobiografia “O Ginógrafo”, encomendada por um executivo alemão, José Costa, um talentoso escritor fantasma aprende a verdadeira arte da escrita.  José Costa não tencionava fazer deste um grande livro, assim como não tencionava viajar para Budapeste, logo depois, em razão de um encontro anual de escritores anônimos. Ele também não sabia o que o aguardava naquela cidade fria, aparentemente cinzenta.
                “Zsoze Kósta” é tão carente de ambições verdadeiras quanto é dual. Fatigado por seu próprio talento e por seus problemas no Rio de Janeiro, ele refugia-se em Budapeste e logo se percebe envolto por duas cidades, duas mulheres, dois livros. Tudo outra vez. Às vezes, as coisas das que fugimos insistem em nos perseguir. São tantos pares simétricos, tantas semelhanças entre as duas vidas de Costa – uma no Brasil e outra na Hungria, que é impossível não voltar à questão de Buda e Peste. Duas cidades distintas que se uniram. José, no Brasil e Kósta, quando na em Budapeste, já que os húngaros tratam a todos pelo sobrenome, são os verdadeiros nomes que componhem a imagem deste homem, tão misterioso quanto o húngaro, língua pela qual se apaixona. E através dessa nova língua, ele começa a escrever uma nova história. Dois homens unidos em um só. O José era prosa, o Kósta é poesia. Quando em Budapeste, aquele mesmo carioca banal adquire outro ritmo, outra musicalidade... adquire valor e reconhecimento. É na Hungria que este escritor deixa o anonimato e recebe o reconhecimento que lhe é de direito.
                Portador de uma narrativa ímpar e impecável, Budapeste possui uma história simples de um anti-herói, mas que nos é contada de forma extremamente envolvente. Após ler este livro só me restam duas coisas: ler os outros livros já lançados por este ícone e ficar na torcida para que ele continue fazendo mais canções em forma de romance.

Beijos,
A.
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02 outubro 2012

Resultado - Distopia Total



      Olá, pessoal! Primeiramente, gostaríamos de agradecer à todos que participaram da promoção. Foram mais de 21 mil entradas. Um sucesso!
        Como havíamos dito no post da promoção, teríamos 3 ganhadores com 2 livros cada um. Onde o primeiro sorteado levaria o Kit Distopia Total 1, o segundo sorteado levaria o Kit Distopia Total 2 e o terceiro sorteado levaria o Kit Distopia Total 3.
Então, vamos aos 3 ganhadores!?
1ª Sorteada - Ganhadora do Kit Distopia Total 1 com os livros: Starters e Estilhaça-me


2ª Sorteada - Ganhadora do Kit Distopia Total 2 com os livros: Destino e Travessia


3ª Sorteada - Ganhadora do Kit Distopia Total 3 com os livros: A Hospedeira e Feios


      Parabéns as ganhadoras. Um e-mail será enviado para cada uma de vocês que terão o prazo de 2 dias para responderem. Caso não recebam o e-mail, favor entrar em contato com uma de nós através dos e-mails que se encontram em nosso contato. Caso não retornem dentro deste prazo, um novo sorteio será realizado.

      Se você não ganhou, não fique triste. Participe das novas promoções que estão rolando no blog que a sua hora vai chegar. 

Um beijo!

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