Estava
louca para ler esse livro há algum tempo já. Fala sério, olhem a capa dele, que
perfeição. As letras, as cores, NY nos 70. A capa brasileira deu mil a zero na norte-americana.
Queria comprar só pelo simples fato de o ter enfeitando a minha estante - faz
bem pros olhos, sabe?!
Mas
eis que li a sinopse e aí que ele entrou na minha wishlist na mesma hora (plim
plim!). Não resisto a histórias contadas por crianças com mentes tão
criativas e sagazes como a da personagem do livro, Miranda – porém, não pense
que esse é um livro somente para crianças... de forma alguma! Como eu viajei
ano passado de intercâmbio, acabei deixando pra comprar o livro só agora na
volta; ele chegou aqui em casa essa semana e dois dias depois eu já estou órfã
do encanto que ele me proporcionou. O livro conta a história de Miranda Sinclair, uma típica garota de 12 anos. Aliás, não tão típica assim: Miranda está em meio a um grande enigma. Seu melhor amigo Sal apanhou de um garoto mais velho, sem um motivo aparente.
E
desde este incidente, Sal passou a ignorá-la. Sal e Miranda são vizinhos, cresceram juntos,
estudam juntos, e enfrentavam juntos diariamente a mesma rotina de volta pra
casa: atravessavam juntos as mesmas avenidas, e passavam corajosos pelo bando
de meninos mais velhos que sempre estavam na garagem do outro lado da rua
gritando coisas provocativas e pelo maluco da esquina, que insita em dar chutes
no ar e dormir com a cabeça debaixo da caixa de correios. E para
completar, ela passa a receber bilhetes de um desconhecido, que aparentemente
invadiu sua casa, e que afirma que vai salvar a vida de seu melhor amigo, Sal.
São mensagens anônimas, com letras garranchudas e sempre com um conteúdo muito,
muito estranho.
Foi uma delícia ser apresentada
a esse universo infantil de décadas atrás. O fato da história não se passar nos
dias de hoje só engrandece o livro, pois vemos crianças de verdade: crianças
sem malícia, com a imaginação a mil, que brincam na ruas e não são bombardeadas
com tantas tecnologias como as crianças de hoje. E acompanhar a vida de Miranda
também nos lembra um pouco da nossa época de infância: os melhores amigos, as
panelinhas, os medos, as briguinhas, etc.
“Amanhã
você vai entender” é um livro para todas as idades. O que Miranda me contou
enquanto estive com ela me fez refletir na vida, nas amizades, e até em
questões maiores, como o que o futuro nos trará, o que o “amanhã” espera pra
nós, de acordo com as consquências do que fazemos e acreditamos hoje. É um
livro com uma narrativa super simples e que flui rapidamente, como se realmente
estivéssemos ouvindo uma criança nos contar algo. E o enredo é muito diferente do
que eu imaginava: fui apresentada a uma história muito intrigante e que me
custou adivinhar o final. Outro ponto positivo no livro é a forma como a autora
inicia os capítulos. A maioria deles são iniciados com a palavra
"COISA", como se fosse anotações infantis mesmo, compleatadas com
algo relacionado ao capítulo. Como por exemplo: "coisas que
perdemos", "coisas em um elevador". O trabalho de Rebecca Stead foi espetacular, criando personagens intrigantes, com vidas diferentes, que se entrelaçam no decorrer do
livro.
Sei
que lendo a resenha o livro pode não parecer grande coisa, mas eu mesma não
esperava que Miranda me cativasse tanto! Acho que nunca vou conseguir
transcrever o misto de sensações que senti ao ler AVVE, e por isso peço que
vocês também deem uma chance ao mistério de Miranda e tirem a prova real! E então, depois
vocês vão entender porque eu estou insistindo tanto que vocês também coloquem
este livro na wishlist de vocês.
"(...) o tempo é ardiloso:
guarda hoje momentos que só amanhã você vai entender."
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